Outro dia escrevi um artigo falando da importância do papel da imprensa em informar sobre os casos de microcefalia que têm surgido no Nordeste e no caso, específico, do Rio Grande do Norte. Ocorre que, muitas vezes a mesma imprensa que tem esse papel fundamental, ao invés de informar desinforma. Esta semana ocorreu isso no estado.
Ao menos três órgãos de imprensa, que me furto de dizer os nomes, destacaram em suas reportagens sobre a definição do protocolo estabelecido pela Secretaria Estadual de Saúde dos encaminhamentos dos casos de microcefalia surgidos nos últimos três meses, que a pasta não havia definido ainda este procedimento. Equívoco dos repórteres que fizeram os textos sobre o assunto.
Pode ter dado margem a interpretações erradas o fato da Saúde ter deixado claro que, pela natureza complexa da situação, ainda permeada por indefinições acerca da causa real do aumento de casos de microcefalia, o protocolo não pode ser algo fixo, que não admita uma adaptação aos novos achados que certamente surgirão.
Portanto, a afirmação de que o protocolo poderá ser modificado não significa que não tenha sido definido, mas visa deixar claro que se trata de uma situação com estudos em andamento, o que demonstra a responsabilidade e o compromisso da instituição em acompanhar o processo e agir de acordo com as necessidades que forem surgindo.
O assunto vem sendo tratado pela Saúde com total responsabilidade de seus gestores e técnicos, dou o meu testemunho. O diálogo tem se mantido aberto com a população, a imprensa e as instituições envolvidas (Universidade Federal, municípios, unidades de referência como o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) e Maternidade-Escola Januário Cicco (MEJC), com o objetivo de manter todos a par dos estudos e ações que vêm sendo tomadas e planejadas.
O protocolo básico foi definido por áreas e estabelece um pré-natal rigoroso, feito nas unidades básicas de saúde, que deverão referenciar as mães para hospitais pré-estabelecidos em caso de necessidade de exames de imagem e sorologia. Todas as ocorrências devem ser obrigatoriamente notificadas à Sesap para embasar as novas ações.
A divisão do protocolo pro áreas permite que especialistas possam definir procedimentos-padrão a serem seguidos. É o caso, por exemplo, do acompanhamento dos recém-nascidos, em que os médicos estudam se será preciso realizar tanto os exames de ressonância magnética como de tomografia computadorizada, ou se apenas um dos procedimentos basta.
Portanto, repito, a imprensa cumpre o seu papel de informar, mas muitas vezes desinforma.
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