Luzes apagadas, ar desligado, somente alguns guiches de checkin funcionando, somente um raio-x aberto, restaurantes vazios. Este foi o quadro que eu encontrei ao embarcar ontem pela manhã no Aeroporto Internacional de Natal, em São Gonçalo do Amarante. Contenção total de despesas total e evidente.
Então a pergunta que se faz é: de onde estão tirando receita para funcionar?
Só pode ser das tarifas aeroportuárias cobradas das companhias aéreas para utilização do aeroporto, o que impacta diretamente no preço das passagens. Talvez isso explique porque Recife é mais barato (ah! Mas tem mais movimento!) mas João Pessoa também é (chega a ser metade do preço, mas tem metade do nosso movimento!). Como se explica isso? Só pode ser pq o AEROPORTO de NATAL custa mais caro para ser utilizado!
Como eu dizia na semana passada, há mais do que simplesmente a redução do ICMS do QAV a fazer para a coisa melhorar.
Construído e inaugurado às pressas provavelmente para agradar a vaidade e o bolso de uns e outros, o ASGA saiu totalmente diferente do que estava no papel. Era um HUB de carga com intenção de acomodar montadoras e fábricas (que receberiam componentes de diversas origens) além de distribuidores de grande escala que fariam ali a desagregação para destinos regionais. O FOCO do aeroporto novo era este! Inclusive sem a necessidade de descontinuidade do Augusto Severo. Era um aeroporto especial, estratégico para o Brasil e para o Nordeste. Não apenas um “seis por meia dúzia” para mudar de endereço e acenar com maior movimentação de passageiros nas décadas futuras (coisa que o Augusto Severo também teria condições de suportar, com obras de porte bem menor).
Era, portanto, um aeroporto que não tinha pressa para operar para a Copa, pois dispúnhamos nada menos do que do Aeroporto mais eficiente da Infraero, como foi apontado o Augusto Severo poucos meses antes de fechar. Tínhamos portanto tempo e interesse em desenvolver melhor o novo projeto, com a execução completa dos acessos, com a integração ou incorporação de uma ZPE ou área incentivada industrial semelhante, com integração a um sistema de auto-abastecimento de energia, até com uso de fontes renováveis, enfim, um equipamento que não ficasse apenas bonito por fora pra inglês ver; mas fosse também inteligente e funcional para o desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Norte.
Uma vez construído, do jeito e com a pressa que foi, o aeroporto novo não deve ser crucificado, mas clama por uma interpelação governamental estadual (em função da sua importância estratégica para o turismo e vários outros segmentos da nossa economia) e por cobranças por parte da população e de seus usuários. Me arrisco a dizer que se nada disso funcionar, este aeroporto é forte candidato a uma intervenção federal (já que é uma concessão federal – a primeira realizada inteiramente a uma empresa privada, sem a participação da Infraero sequer no consorcio!) ainda nos primeiros 3 anos de seu funcionamento!
Então, é papel do Governo do Estado, e da bancada estadual, verificar quais as metas e obrigações desta concessão federal para cobrar o seu cumprimento integral em favor dos usuários (empresas e passageiros), dos fornecedores locais e da população em geral. Porque do jeito que vai, não vai bem não!
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