Alta estação ainda é tímida, mas traz boas expectativas

16 de dezembro de 2014

Saiu na Tribuna do Norte:

Isabela Santos
Repórter

Verão, dezembro, férias. E, na prática, a alta estação ainda não chegou em Natal. As praias ainda esperam os turistas e os hotéis apresentam taxa de ocupação tímida. Ainda é possível encontrar vagas para Festas e veraneio. Profissionais do setor apontam Copa, eleições e má gestão do Poder Executivo como algumas das razões para o enfraquecimento do turismo nesta época do ano.

“Suponho que as pessoas que investiram em eventos da Copa do Mundo talvez estejam poupando em viagens de fim de ano”, disse o gerente comercial de hotel na Via Costeira Marcelo Naliato, explicando que o problema atinge toda Natal. Para ele, a boa concorrência dos estados vizinhos também ajuda a piorar a crise turística. “Nos falta promoção e divulgação”.

Por causa de uma grande reforma, outro hotel opera com apenas 20% de sua capacidade e a gerente de hospedagem Marilene dos Santos calcula que apenas 4,6% dos leitos estavam ocupados nessa segunda-feira (15). Apesar do baixo índice ela é otimista. “A procura está muito melhor que do ano passado. Infelizmente não teremos festa de Réveillon por causa das obras, mas pessoas ligam a todo momento para pedir informações”.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) do RN, Habib Chalita, aprenseta números divergentes do que sente o mercado. Ele informa que no início do mês a taxa média de ocupação era de 65%, mas avisa que os números são crescentes e há expectativas de melhora para a segunda quinzena de janeiro. Em dezembro de 2013, os 42 mil leitos do RN contaram com uma taxa de ocupação de 64,74%. Em janeiro, com R$ 71,97%.

Taxa média de ocupação nos hotéis estava em 65%, mas os números são crescentes, diz ABIH/RN. (Foto:Emanuel Amaral)

Taxa média de ocupação nos hotéis estava em 65%, mas os números são crescentes, diz ABIH/RN. (Foto:Emanuel Amaral)

Infraestrutura
Insegurança e problemas na infraestrutura do município são inimigos do turismo. Marilene conta uma situação em que assaltaram uma família de turistas com um facão. “Eu fiquei desesperada. A falta de Segurança compromete consideravelmente o turismo na cidade. Tivemos hóspedes que disseram que não recomendam Natal aos amigos por causa disso”, disse, lembrando também o que considerou “um período de caos”, em que as ruas estavam repletas de buracos.

Somou-se a isso a queda do calçadão de praias urbanas. Com previsão de entrega das obras para 30 de dezembro, no caso de Ponta Negra e final de janeiro, para as da zona leste; o fluxo de turistas também deve melhorar, acredita a gerente de hospedagem.

A secretária adjunta de planejamento na Secretaria Municipal de Obras e Viação (Semov), Tereza Vieira, garante que os reparos dos equipamentos da orla serão concluídos dentro dos prazos. “O que está atrasando um pouco a entrega é a remoção dos quiosques antigos. Eles só podem ser removidos após a entrega dos quiosques novos aos permissionários”, avisa sobre a medida adotada para que nenhum deles seja prejudicado.

Ao todo, são 50 quiosques. Vinte e oito em Ponta Negra, e 22 na região que compreende Areia Preta e Praia do Forte, sendo 16 deles do modelo padrão e outros 6 maiores, para “serviços diferenciados” e ainda sem destinação.

A obra inclui substituição de quiosques, passeio e piso e implantação de banheiros, chuveiros, academias da terceira idade e playground, tornando o espaço acessível. também foi criada uma ciclovia nas praias da zona leste. Natal (ao lado de Pipa e são Miguel do Gostoso) ainda é o destino preferido de quem escolhe o Rio Grande do Norte para passar as férias, em sua maioria paulistas e brasilienses. Agora, cada vez mais, também cresce o turismo regional, com a vinda dos vizinhos do Ceará, Paraíba e Recife e até mesmo do interior do RN.

Para driblar as dificuldades e alavancar as vendas, os hotéis procuram alternativas como parcerias com sites de compra coletiva, day-use (utilização de área de lazer do estabelecimento) e walking (ocupação sem reserva).

Bate-papo – Diassis Holanda
Presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Norte (Abav-RN)

A alta do dólar tem enfraquecido o turismo internacional?
Continuamos vendendo porque as companhias aéreas fizeram promoções. Pra você ter uma ideia, tem companhia fazendo passagens para os Estados Unidos, de R$ 400 dólares. Saindo de Recife, é claro. Mas todo mundo pode pegar um carro e ir a Recife. Saindo de João Pessoa, dá pra encontrar passagens pra Miami por R$ 600 dólares. Nunca de Natal. Em Natal estamos de mal com as companhias aéreas. O dólar está disparado, mas, em contrapartida, as passagens foram lá para baixo, porque se não fizesse isso não venderia.

Por que em Natal não temos promoções?
Em Natal, temos as tarifas mais altas do Nordeste. A gente nunca baixou o ICMS do combustível de avião. Isso já é uma luta que a gente trava há dois anos. Como isso não aconteceu, diminuíram nossa malha aérea. Quando diminui a malha aérea, diminui o número de assentos. Então os voos são lotados e o preço vai lá pra cima. Avião é isso: as primeiras cadeiras são mais baratas. Pode viajar uma pessoa pagando R$ 500 e outra do lado, R$ 3 mil. Quanto mais cheio o avião, mais caras são as tarifas. Resumindo, nossa malha aérea diminuiu muito e em consequência disso as tarifas ficaram muito altas.

A quantidade de voos vai aumentar no final do ano?
Sim. Aumentaram um pouco. Eles colocaram voo para Recife, que a gente não tinha. Têm mais voos para Salvador também.

Quais os destinos mais vendidos?
Disparado é Serra Gaúcha. Depois vem Rio de Janeiro. Pantanal também tem ganhado espaço. Fernando de Noronha. Muitos destinos domésticos estão aumentando as vendas.

E quais as expectativas para este veraneio?
Esse ano está sendo cheio de surpresas. A gente não pode fazer um diagnóstico preciso e dizer que janeiro vai ser maravilhoso, porque coisas que não esperávamos aconteceram. Copa: a gente esperava que fosse estourar e não estourou. A empresa responsável tinha reservado um número muito grande de leitos nos hotéis e reduziu pela metade. Depois cancelou mais outro tanto. Em contrapartida, a cidade está linda, a decoração belíssima, muito bonita com relação aos anos anteriores. Esperamos atrair mais gente.

Os pacotes já estão esgotados?
Já. A maioria. Se você quiser a Serra Gaúcha e Orlando, por exemplo, está difícil. Não tem toda data.

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