Meu comentário desta 5a feira no J96 foi sobre as faixas de ônibus e medidas para aprimorá-las. Aproveito este espaço para aqui detalhar um pouco mais a análise que relatei no rádio, com limitação de tempo.
Em primeiro lugar, há que se diferenciar claramente (até na terminologia) as faixas preferenciais e semi-exclusivas dos malfadados “corredores de ônibus”.
Os corredores de ônibus constituem verdadeiras excrescências urbanas que não cabem mais na atualidade. Foram criações dos anos 60 que, no Brasil tiveram seu auge vinte anos depois. São estruturas rígidas que instalam concreto e ferro na parte central de avenidas que não têm espaço para tal, sacrificando calçadas, matando o comércio de rua e provocando atropelamentos ou inúmeros sinais e faixas para permitir que o usuário dos ônibus atravesse para as baias de proteção. Um exemplo de como isso pode funcionar mal é a Avenida Bernardo Vieira, em Natal.
Nem preciso decantar as consequências econômicas desastrosas e o resultado desta obra para o desconforto de todos. Espero que não inventem de transformar as atuais faixas em trapizongas de concreto (que as empreiteiras preferem, é claro).
As faixas preferenciais são outro mundo, em matéria de indutores da mobilidade urbana. Simples de implantar, flexíveis, adaptáveis, não-agressivas, não-espaçosas, mantém o arejamento e a estética das avenidas, permitem as conversões de veículos, o embarque e desembarque, o uso por táxis com passageiros, a relocação temporária em caso de acidentes nas outras vias, e principalmente não provocam consequências funestas para as calçadas e o comércio. A implantação deste tipo de faixa, embora mais rápida e simples, não deixa de representar traumas a alguns e a impressão de redução de espaço para motoristas mais comodistas que normalmente se esquecem de que muito mais gente utiliza o transporte publico e é beneficiada por elas.
No entanto, alguns têm razão quanto a reclamar outras medidas que têm que ser tomadas complementarmente. Assinalo algumas, principais:
1. Prudente e Salgado/Hermes precisam ter mão única. Somente assim é possível implementar expansões pontuais da faixa seletiva para ocupar duas faixas nas proximidades das paradas de ônibus, por exemplo. No restante dos trechos, somente uma faixa terá limite azul. Com as avenidas como são hoje, têm-se duas faixas azuis ao longo de todo o logradouro (uma em cada sentido). Além da conhecida confusão de retornos e manobras para se pegar uma mão ou outra das mesmas avenidas.
2. Sincronizar sinais. Fundamental medida para que se tenha o fluido do tráfego correndo nas principais artérias da capital.
3. Disciplinar (multando e punindo) também os ônibus. Eles não podem sair da faixa azul por mais de uma quadra, tanto quanto os veículos não podem invadí-la por mais de uma também. Qual a pressa de se ter que sair de trás um do outro só porque um demora dez segundos a mais do que o outro na parada? Com o fluxo privilegiado pela via livre, não há necessidades destas bandalheiras típicas, para ultrapassar um ao outro e depois se reencontrarem no ponto seguinte.
4. Racionalização das linhas. Cabe à prefeitura estabelecer um sistema de linhas e baldeações que evite sobreposição de veículos pesados com destinos e origens diversas por mais de 50% fazendo o mesmo percurso (as avenidas). No Rio, após décadas de peleja, Eduardo Paes conseguiu realizar isso. Baldeações, se feitas com conforto, planejamento e bilhete único, não representam problemas para o usuário. Se a via ficar bem mais ágil pela racionalização no número de ônibus trafegando no mesmo percurso, ficará bem mais rápido o trajeto – mesmo com baldeação. Metrô é um exemplo disso.
Por enquanto é isso…
Para quem tiver interesse em ouvir o comentário resumido disso, está em http://youtu.be/pqStE7ZAyPw
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