Querido Focinho

Neli Terra é jornalista dos setores jurídico e energético (renováveis, O&G), apresentadora e diretora de TV, mãe, madrasta, esposa, filha, irmã. Gaúcha. Movida por desafios.Andarilha por natureza. Apaixonada pelos animais, sonha com um mundo onde todos convivam com respeito e harmonia.

Bandidos invadem hospital em Parnamirim (RN)

30 de março de 2012

O HOSPITAL REGIONAL Deoclécio Marques, em Parnamirim (distante a apenas 12 km da capital), tornou-se na madrugada de ontem alvo de uma ação ousada de criminosos. A direção da unidade suspeita que os bandidos foram lá com o intuito de roubar as armas dos vigilantes. No entanto, a polícia trabalha com duas hipóteses bem diferentes: ou eles queriam resgatar um perigoso traficante da cidade de  Caicó (distante 256 quilômetros de Natal), que está internado se recuperando de uma facada, ou, a mais provável, executar um jovem assaltante que, no dia anterior, havia sido baleado durante um acerto de contas. Pior para um dos seguranças, que levou dois tiros e agora encontra-se internado na UTI.

Faz um ano que eu reivindico câmeras de segurança e reforço no policiamento  do hospital” Elisabete Carrasco, diretora do hospital.

Faz um ano que eu reivindico câmeras de segurança e reforço no policiamento do hospital” Elisabete Carrasco, diretora do hospital. (foto: HUMBERTO SALES / NJ)

O hospital não possui câmeras de vídeo e não conta com policiamento militar. A segurança é feita por três vigilantes terceirizados contratados junto à empresa Garra. Eles foram surpreendidos e rendidos por dois homens que invadiram à unidade por volta de 1h, armados e de cara limpa. Há informações que outros dois comparsas ficaram do lado de fora, a espreita dentro de um veículo de cor prata, que também não foi identificado.

Um dos guardas, Marcel Vitor Moreira da Silva, de 31 anos, ainda tentou fugir, mas foi alvejado por dois disparos. Os tiros o atingiram na perna e no abdome.

O vigilante passou por cirurgias de urgência para a retirada dos projéteis, mas a bala que perfurou sua barriga continua alojada. Mesmo assim, o estado de saúde de Marcel é estável e ele não corre risco de morte.

Segundo a direção, no momento da ação não havia quase ninguém pelos corredores do hospital, apenas poucos acompanhantes de pacientes que se encontram internados em tratamento

Segundo a direção, no momento da ação não havia quase ninguém pelos corredores do hospital, apenas poucos acompanhantes de pacientes que se encontram internados em tratamento. (FOTO: HUMBERTO SALES / NJ)

Elisabete Carrasco, diretora geral do hospital, conversou com os jornalistas logo nas primeiras horas da manhã. Consternada com o ocorrido, ela explicou que ficou sabendo da invasão por volta de 1h, quando foi comunicada que um dos vigilantes havia sido baleado durante uma tentativa de assalto.
Ainda segundo relatos da diretora, os dois homens que entraram no hospital abordaram os dois vigilantes que estavam de serviço na entrada da unidade. Com os dois rendidos, os criminosos exigiram ser levados até o terceiro segurança, que estava no andar superior da unidade.

“Em momento algum eles perguntaram por ninguém. Por isso eu acho que foi apenas um assalto. Faz um ano que eu reivindico câmeras de segurança e reforço no policiamento do hospital”, disse Elisabete. Ela acrescentou que no momento da ação, não havia quase ninguém pelos corredores do hospital, apenas poucos acompanhantes de pacientes que se encontram internados em tratamento.

Depois de balearem o vigilante, o grupo fugiu com destino ignorado. A PM foi acionada e não demorou a chegar ao hospital, mas não havia mais o que fazer. O delegado Graciliano Lordão, titular da 1ª DP de Parnamirim, possui algumas suspeitas, mas prefere não adiantar detalhes para não comprometer as investigações.

O fato é que os criminosos, de certa forma, não saíram totalmente satisfeitos da empreitada. Se o objetivo era resgatar o traficante, não conseguiram. E se a missão era matar o assaltante, também deram com os burros n’água. Para a polícia, que não acredita em assalto, os bandidos levaram os revólveres dos seguranças apenas para não deixarem o local de mãos abanando.

de de resgate, o delegado explicou que o traficante continua internado no hospital, e que sequer foi incomodado pelos bandidos. Ele se chama Valdigley Souza do Nascimento, um caicoense de 25 anos tido como um dos mais perigosos da mesorregião do Seridó.

FICHA
Valdigley é irmão do também trai cante de drogas Valdir – aquele mesmo que a polícia chegou a apontar como sendo o mandante da morte do radialista F. Gomes, assassinado em 18 de outubro de 2010. Valdir escapou da acusação, mas sua  ficha criminal é extensa. Ele atualmente está preso em Alcaçuz e é quase um código penal ambulante. Responde por tráfico de drogas, associação para o tráfico, formação de quadrilha, furtos, assaltos e homicídios.

Já Valdigley, que é mais conhecido como Gueguê, não fica muito atrás. Além de trai cante, também já integrou várias quadrilhas de assaltantes.

Sua entrada no Deoclécio Marques aconteceu na última terça-feira, depois de ter sofrido uma facada ao se envolver numa briga dentro do Presídio de Parnamirim, onde é obrigado a dormir todas as noites em cumprimento ao regime semiaberto.

Não pode descartar a possibilidade de os criminosos terem ido ao hospital resgatar Valdigley. No entanto, também foi sincero e admitiu que não leva muita fé nessa história. “Pode até ser. Mas, particularmente, não acredito nisso”, disse Lordão. Dois agentes penitenciários, que também estavam no hospital fazendo a escolta do traficante, disseram ao delegado que os bandidos até passaram pela enfermaria, mas o ignoraram completamente.

SERVIÇO INACABADO, NA OPINIÃO DO DELEGADO

“Sou delegado de Parnamirim há cinco anos. E não acredito que estes bandidos vieram aqui no hospital para roubar as armas dos vigilantes. Isso foi uma consequência. Creio que eles queriam terminar o serviço que começaram no dia anterior”, afirmou Lordão.

Segundo Lordão, o assaltante chama-se Geilson Silva da Fonseca, apelidado de Bracinho, de 18 anos. Apesar da pouca idade, o jovem tem uma vasta experiência na marginalidade e também é considerado um rapaz violento.

“Prendemos Bracinho no ano passado, quando desarticulamos uma quadrilha que vinha aterrorizando Parnamirim, roubando residências e estabelecimentos comerciais. Mas, como ele era menor de idade, acabou sendo benei ciado pela legislação e não ficou preso”, revelou o delegado, acrescentando que, durante os assaltos, o garoto era o mais bruto, sempre ameaçando a vida das vítimas, intimidando e humilhando as pessoas com agressões.

"Não acredito que estes bandidos vieram aqui no hospital para roubar  as armas dos vigilantes” Graciliano Lordão, delegado

"Não acredito que estes bandidos vieram aqui no hospital para roubar as armas dos vigilantes” Graciliano Lordão, delegado (FOTO: HUMBERTO SALES / NJ)

Com o filho de uma dessas vítimas, inclusive, Bracinho teria brincado de roleta russa. Ele colocou apenas uma munição no revólver, girou o tambor e puxou o gatilho algumas vezes. Como a bala não parou na agulha, a criança deu sorte e ainda está viva.

Diante de toda a agressividade e violência do rapaz, o delegado trabalha com a certeza dele está sendo procurado por pessoas que foram vítimas dele. “Vingança.

Estão querendo matá-lo. É nisso que eu acredito”, destacou Lordão, explicando que no Final da manhã da quarta-feira, Bracinho mostrou que também tem muita sorte.“Ele estava na BR 101 na companhia de outras duas pessoas quando um veículo de cor prata encostou. Os ocupantes deste carro abriram fogo e os três foram baleados, sendo socorridos para o hospital Deoclécio Marques”, relatou.

O que os bandidos que invadiram o hospital não sabiam, ainda de acordo com o delegado, é que os três feridos não ficaram no Deoclécio. Depois dos primeiros atendimentos, foram transferidos para o pronto socorro Clóvis Sarinho, em Natal. “Por isso que eu digo que a missão era terminar o serviço. Os outros dois nem tanto, mas o Bracinho com toda a certeza eles queriam matar”, reafirmou o delegado.

Bracinho e os outros dois baleados durante o atentado na BR, identii cados como Cassiano Varela Fideles e Francisco Paulino, permanecem no Clóvis Sarinho e não correm risco de morte. Não por causa dos disparos que já levaram. E pelo menos até o fechamento desta edição, todos continuavam vivos.

 

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