Não à toa o meu primeiro artigo do ano leva o título acima. Senão vejamos: o presidente da República deve está muito preocupado com os imprevisíveis desdobramentos das delações premiadas dos executivos da Odebrecht, com o processo em andamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pode cassar o seu mandato e principalmente com os baixíssimos índices de popularidade que ele tem registrado nos últimos meses. Não custa lembrar que Temer foi citado no pré-acordo de delação premiada do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Segundo o ex-dirigente da empreiteira, o presidente pediu, em 2014, R$ 10 milhões para campanhas do PMDB. Os fatos são investigados pela Lava Jato.
Com os índices de popularidade entre 10%, segundo o Datafolha, e 13%, segundo o Ibope, pesquisas estas publicadas ao apagar das luzes de 2016, e embora o presidente Michel Temer diga que isso não o abala, penso o contrário. Qualquer governante com índices de popularidade em queda tem motivos de sobra para se preocupar. E já dizia o saudoso Ulysses Guimarães que político só tem medo do povo nas ruas, e isso, embora que de forma pontual, já começa a ocorrer contra o presidente Temer e seu governo, ainda mais num tempo destes, de desemprego e queda na renda, direitos trabalhistas e previdenciários ameaçados, vida apertada e ambiente social envenenado. Ingredientes perfeitos para fazer o povo voltar as ruas.
Preço da gasolina subindo quase que semanalmente – só em dezembro foram três reajustes -, o número de desempregados crescendo – aumentou em mais de 2 milhões em 2016 e chegou a 12 milhões de brasileiros. Para 2017, a expectativa é de que o mercado de trabalho possa melhorar a partir de meados do ano. Analistas destacam, entretanto, que a taxa de desemprego ainda tende a subir mais antes de começar a cair. A propalada reforma da previdência, que Temer quer que seja votada ainda no primeiro trimestre do ano é, na verdade, abordada de forma tradicional e conservadora. Vista como prioridade por Temer, a reforma tributária é um outro tema polêmico, mesmo sendo um dos assuntos mais debatidos no Congresso, mas também o que tem menos consenso entre os parlamentares.
Talvez e certamente a maior prova de fogo do governo Temer seja sem dúvida nenhuma a reforma trabalhista. O objetivo é flexibilizar as leis trabalhistas, principalmente a partir de acordos coletivos, sem perder de vista os direitos assegurados pela Constituição Federal. O plano é restringir as negociações coletivas à redução de jornada e de salários, deixando de fora dos acordos normas relativas à segurança e saúde dos trabalhadores. O objetivo maior das mudanças, no entanto, é reduzir os custos para os empresários, razão pela qual a poderosa Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) deu total apoio ao golpe contra a presidenta Dilma.
Pontuei aqui algumas das dificuldades a serem enfrentadas por Michel Temer, mas falemos também das pisadas de bola do governo golpista como, por exemplo, o seu ministério onde políticos denunciados na Lava Jato compõem o seu grupo de auxiliares diretos.
Em dezembro, em matéria assinada por Conceição Lemoes e publicada no Blog Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, mais uma denúncia contra o governo golpista e pouco divulgada. O Palácio do Planalto já havia agendado uma grande cerimônia para a entrega do presente de Natal jamais visto no planeta em tempo algum: a “doação” R$ 100 bilhões às operadoras de telefonia que atuam no Brasil — as famosas teles. Porém, um mandado de segurança ajuizado no Supremo Tribunal Federal na terça-feira (20 de dezembro) pode colocar fim à aprovação imediata do projeto de lei, que altera a Lei Geral de Telecomunicações. Tratava-se de um escândalo. Passou de forma muito rápida na Câmara e para o Senado foi para uma comissão especial sem que os senadores sequer no plenário soubessem o que estava acontecendo.
O cantor e compositor Aldir Blanc em artigo publicado no jornal O Globo disse:
– Fala-se em perdão de 19 bilhões, ou seja, mais do que as vendas entreguistas do pré-sal para empresas da França pelo tucano Pedro Parente.
Só que o TCU disse que a conta verdadeira vai a quase 100 bilhões. Há mais um probleminha: se levarmos em consideração que as teles ganham de lambuja o que é patrimônio do povo brasileiro, cabos subterrâneos, fiações, torres, antenas, toda essa parafernália, a negociata sobe para duzentos bilhões, quatro anos de “Bolsa Roubada às Famílias”, “Minha Casa, Meu Desabamento”, uma roubalheira de provocar aplausos em Wall Street.
Portanto, caro leitor, temos aí ingredientes perfeitos para fazer o povo voltar as ruas.
A conferir!
Foto reproduzida da internet
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