Suspeita de passar quase R$ 40 milhões ao esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira, a Delta Construções tem sua história cruzada no Rio Grande do Norte, Estado, aliás, no qual a empreiteira participou de contratos que somam mais de R$ 354 milhões entre 2004 e 2009.
Foi no Rio Grande do Norte que o ex-diretor da empresa, Fernando Cavendish, que se afastou após as denúncias de corrupção, começou sua empreitada. Em 1990, ele abandonou o ramo de confecções para trabalhar na construtora fundada em 1961 por seu pai, Inaldo Soares. Sua primeira função foi engenheiro auxiliar numa obra em Mossoró. Cinco anos depois, assumiu o comando. Na ocasião, tinha 200 funcionários e só um cliente relevante, o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
No Estado, também é o Departamento de Estradas de Rodagens, o DER, com quem a Delta Construções firmou vínculo com o Rio Grande do Norte. O maior deles, de R$ 354.288.366,58, foi firmado em 2009, em concorrência pública nacional e rateados, além da Delta, entre Queiroz Galvão S/A, CLC -Construtora Luiz Costa Ltda., ESSE – Engenharia Sinalização e Serviços Especiais Ltda., EIT – Empresa Industrial Técnica S.A. e PAVOTEC – Pavimentação e Terraplanagem Ltda. Conforme ata do Conselho de Desenvolvimento do Estado, o contrato seria para a “implantação e pavimentação de rodovias pertencentes à Malha Rodoviária Estadual”.
O dispositivo de mais de R$ 350 milhões teria previsão orçamentária de pagamento até 2011. Outro contrato de concorrência pública nacional da qual a Delta participou ao lado Queiroz Galvão, EIT e Esse Engenharia, datado de 2005, soma R$ 5,1 milhões. Em todos os sete dispositivos contratuais localizados pelo Nominuto, a Delta é a única beneficiária.
Em 2008, sob o pretexto de restaurar a malha viária do Seridó, a empresa venceu concorrência pública R$ 677 mil com o DER. No mesmo ano, também firmou com a pasta de Turismo no Estado contrato de R$ 265 mil para construção de estrada em Tibau do Sul/Pipa. A modalidade deste dispositivo é de crédito suplementar, o que indica ter havido contrato anterior, não localizado pela reportagem, que foi firmado pela empresa e o Governo do Estado.
Antes, em 2004, há registros de aditamento contratual no valor de R$ 507 mil para restaurar estrada que une Caicó a Jucurutu. Também por aditamento, a empresa recebeu R$ 74 mil em 2006 para obras viárias igualmente no Seridó.
A CPMI instalada no Congresso Nacional para apurar as relações da Delta com Cachoeira deverá devassar as atividades da empresa em todo o País.
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