As cenas de comédia pastelão protagonizadas por aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com troca de tapas entre parlamentares na reunião da Comissão de Ética da Câmara para discutir o processo de cassação do presidente da Casa, na semana passada, ofuscaram o chamamento da população para ir as ruas neste domingo (13), para pedir o impeachment da presidenta Dilma.
Pedir o impeachment de Dilma para que ela continue governando e fechar os olhos para o que ocorre no Congresso Nacional, sobretudo, na Câmara, onde o seu presidente Eduardo Cunha está sendo acusado de faltar com decoro, e ainda por cima comandar um grupo de parlamentares que acatam suas manobras para evitar a sua cassação, é no mínimo incoerência. Mas parece que os brasileiros de bom senso atentaram pra isso, tal o fracasso dos movimentos articulados para ontem contra a presidenta Dilma.
Se é para tirar Dilma do poder, que sequer tem alguma acusação contra ela, e não afastar Eduardo Cunha, que além de faltar com decoro parlamentar por ter mentido em uma CPI – CPI da Petrobras – ao alegar que não tinha dinheiro em paraísos fiscais, quando já foi provado que ele tem, neste caso, seria perfeitamente natural ir as ruas exigir a sua cassação.
Para se ter uma ideia melhor da vergonha que é o Parlamento brasileiro, o número de deputados suspeitos ou acusados formalmente de crimes cresceu 12% no STF (Supremo Tribunal Federal) em apenas quatro meses. Saltou de 130, em 1º de julho, para 148, em 19 de novembro. Ou seja, pelo menos dois em cada sete deputados respondem a inquérito (investigação preliminar que procede a abertura de processo) ou ação penal (processo que pode resultar em condenação) no Supremo. Os dados são de levantamento do site Congresso em Foco.
Ainda ontem o jornalista Élio Gaspari escreveu em O Globo um artigo sob o título “Assustada, a oligarquia precisa da crise, onde dizia que o Brasil teve muitos sacolejos, mas nunca a oligarquia se viu ameaçada nos seus métodos. Passou por sustos, mas no conjunto sempre saiu invicta. A ameaça da Lava-Jato não é ideológica, muito menos política, é apenas a afirmação de um braço do Estado para que as leis sejam cumpridas. Corrupção passou a dar cadeia, o medo da cadeia gerou a colaboração, e a cada colaborador ampliou e fortaleceu as investigações.
Élio Gaspari tem razão e parece que grande parte dos brasileiros começa a perceber isso.
A conferir!
Charge: Bruno Aziz, em A Tarde (BA)
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