A notícia do dia ontem nos jornais e redes sociais foi a reaproximação história entre EUA e Cuba após 53 anos de rompimento.
Os dois países surpreenderam o mundo anunciando que reabrirão suas embaixadas. O chamado pacote de “normalização” foi negociado secretamente por um ano e cinco meses, a partir de conversas para liberação de prisioneiros dos dois países. As reuniões entre as equipes ocorreram no Canadá e no Vaticano. O Papa Francisco foi figura fundamental nas negociações e ontem Barack Obama e Raúl Castro agradeceram ao Papa, por ter incentivado o acordo. Mais uma vez, um argentino escrevendo história em Cuba… Segundo consta, o líder cubano Fidel Castro não participou diretamente de nenhuma conversa com os EUA.
Além de anunciar a reabertura de sua embaixada em Havana, Obama declarou abertamente que vai pressionar o Congresso pelo fim do embargo econômico. O governo americano acredita que há apoio suficiente na sociedade americana para o reatamento com Cuba. Pesquisas recentes apontam que 56% dos americanos em geral e 60% do residentes da Flórida e dos latinos favorecem este movimento. À minoria dissidente, mas normalmente barulhenta, Obama assegurou que a ênfase na questão dos direitos humanos continuará tão forte quanto antes, só que agora com engajamento e diálogo direto, que ele acredita serem muito mais efetivos do que o bloqueio e o isolamento.
Efeitos práticos imediatos disso tudo: mais americanos poderão viajar para Cuba a negócios, em missões religiosas e humanitárias e com propósito cultural e educacional; e vários itens foram incluídos na lista de produtos e serviços autorizados a serem exportados para Cuba. Entre eles, equipamentos de telecomunicações, materiais de construção e máquinas e utensílios para a agricultura familiar e comércio urbanos, como barbearias e restaurantes. Além disso, aumentaram os limites de remessas de dólares para Cuba, e as instituições financeiras dos EUA vão poder abrir contas em contrapartes cubanas, assim como será liberado o uso de cartões de crédito e débito americanos em Cuba. As viagens a turismo dos cidadãos americanos sem laços com Cuba, porém, continuam proibidas por força da lei que estabeleceu o embargo, que depende de decisão do Congresso.
E nós com isso? Pois é. Lembram-se daquele porto em Cuba que o BNDES ajudou a financiar e foi objeto de críticas principalmente durante a campanha eleitoral? Pois bem, o tal Porto Mariel está a 200 km da costa da Florida, distância menor que Natal-Mossoró. Imagine como este porto vai ter negócios a partir desta abertura, gradual mas irreversível. Na época, o governo brasileiro chegou a defender o projeto dizendo que antevia uma abertura ao embargo, já muito desgastado pela história. Esse porto vai concorrer com o Porto do Panamá, um dos maiores do mundo, para navios de grande porte. O raciocínio foi justamente entrar antes para já estar lá quando caísse o embargo. Parece que acertaram em cheio. Hoje o Brasil é um dos países mais bem posicionados para se beneficiar deste novo cenário.
Prontos para os charutos puros?
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