A Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) propôs um reajuste médio de 8,82% para as tarifas de energia no estado este ano e o percentual – que será aprovado ou não pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pode ficar abaixo do sugerido – já deixa de cabelo em pé a indústria. A energia, segundo o setor, é um dos principais custos de produção e o aumento desse “peso” é prejudicial à competitividade.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado, a energia é o terceiro maior custo do setor, atrás de matéria-prima e mão de obra

“Esperamos esse momento (da definição da tarifa) com muito receio”, disse ontem o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do estado, (Sinditêxtil), João Lima. “Esse aumento ainda vai em contrapartida aos incentivos do Governo”, acrescentou ele, se referindo a recentes medidas anunciadas pelo governo federal para reduzir a carga tributária e o custo do crédito e do emprego para a indústria.

De acordo com Lima, “a energia do Brasil já é a quarta mais cara do mundo mesmo sendo gerada (em maior proporção) por fontes hidráulicas, a energia mais barata. “Não dá para compreender como pode ser uma das mais caras”, observou.

O Sinditêxtil avalia o possível aumento como prejudicial para as 10 empresas enquadradas como de médio e grande portes, que integram o sindicado. Microempresas espalhadas em outros municípios também deverão sentir o impacto.

A possibilidade de reajuste na tarifa também deixou apreensivo o presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), Amaro Sales. “A energia elétrica representa o terceiro maior prejuízo das indústrias. Classificamos o gasto com matéria-prima como o mais significativo, seguido pelo custo com a mão de obra”, explicou Amaro Sales, por telefone.

O reajuste na tarifa será definido pela Aneel na próxima terça-feira (17) e entrará em vigor no dia 22. A proposta da Cosern, encaminhada à Aneel, foi de 8,82%.  O índice proposto este ano foi divulgado pela agência reguladora e publicado ontem pela TRIBUNA DO NORTE. Caberá à Agência definir a tarifa que será paga pelos consumidores.

A Aneel explica que o aumento de tarifas no setor leva em conta a inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado, da Fundação Getúlio Vargas (IGP-M), dos últimos 12 meses, e também os gastos da distribuidora com compra e transporte de energia e o pagamento de encargos setoriais, previstos em lei.

A proposta feita pela Cosern serve apenas como referência para análise da área técnica da Agência, mas não será, necessariamente, acatada. No ano passado, por exemplo, a Companhia propôs um reajuste médio de 11,6%, mas a Aneel só autorizou aumentar a tarifa em  9,86% . Na reunião do dia 17, a Aneel também definirá os aumentos por faixa de consumo, ou seja, o que será pago por consumidores de baixa tensão – as residências – e pelos de alta tensão, como é o caso das indústrias. No ano passado, a conta dos consumidores residenciais sofreu reajuste de 9,7%. A das indústrias subiu  10,27%.

A Cosern foi procurada ontem pela reportagem para comentar sobre a proposta enviada à Aneel, mas disse, por meio da assessoria de imprensa, que não obteve a tempo a reposta do porta-voz indicado.

Conta de água também deve aumentar no RN

Não é só a energia elétrica que está em vias de ser reajustada. A conta de água também poderá aumentar. A Caern já pediu autorização à Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município de Natal (Arsban) para aplicar um aumento de 5,04%.  Caberá à Agência bater o martelo sobre o percentual.  O reajuste deve ser divulgado até o final do mês. A nova tarifa entra em vigor 60 dias após a aprovação.

Também neste caso, a propostas feita pela Caern não será, necessariamente, aceita. São as agências reguladoras que definem, com base em cálculos  próprios, em quanto as tarifas são reajustadas.  O reajuste na conta de água atingirá 590 mil imóveis no Estado – número de ligações de água  ativas nos 152 municípios onde a Caern opera. O reajuste, quando autorizado, atingirá todas as faixas de consumo, desde residências com baixo consumo até indústrias. O mesmo percentual de reajuste valerá para todos os consumidores.

No ano passado, o reajuste aprovado para o estado, no que diz respeito à tarifa de água, foi de 5,7%.