Nunca neste país se prendeu tanto empresário envolvido em falcatruas e se manteve por tanto tempo no xilindró como agora. Nesta segunda-feira o juiz federal Sérgio Moro, para muitos tido como herói, aceitou mais uma denúncia contra o presidente da holding Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e mais três ex-executivos ligados à empresa. Esta fase da investigação do Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava-Jato aponta irregularidades em oito contratos firmados pela empreiteira com a Petrobras.
Anos atrás ninguém imaginaria o dono da maior empreiteira do Brasil atrás das grades. Isso era considerado até utopia. Pois que agora estamos vendo. E não se venha a dizer que Marcelo Odebrecht é fruto da “elite petista”, como alguns órgãos de imprensa insistem em tachar, pois que a Holding comandada por ele atua desde os áureos tempos dos governos tucanos de FHC.
Seria ser ingênuo demasiadamente pensar que as PPPs, ou seja, Parceria Público Privada é coisa de agora. Pergunto ao caro leitor: como foi que Juscelino kubitschek construiu Brasília? E vocês acham que a fatura não foi alta?
Pois é, Marcelo Odebrecht e seu pai não inventaram a roda não, apenas aperfeiçoram. Só que este aperfeiçoamento vem desde os governos tucanos, ou alguém tem dúvida? Eu não, não sou demasiadamente ingênuo para pensar assim.
Agora quem comete falcatrua vai preso. Antes não, haja vista os escândalos ocorridos nos governos FHC, por exemplo, como o contrato para execução do projeto Sivam marcado por escândalos. A empresa Esca, associada à norte-americana Raytheon, e responsável pelo gerenciamento do projeto, foi extinta por fraudes contra a Previdência. Denúncias de tráfico de influência derrubaram o embaixador Júlio César dos Santos e o ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Mauro Gandra.
Cito ainda o inesquecível PROER: em 1995 o ex-presidente Fernando Henrique deu uma amostra pública do seu compromisso com o capital financeiro e, na calada de uma madrugada de um sábado em novembro de 1995, assinou uma medida provisória instituindo o PROER, um programa de salvação dos bancos que injetou 1% do PIB no sistema financeiro – um dinheiro que deixou o sofrido Tesouro Nacional para abastecer cofres privados, começando pelo Banco Nacional, então pertencente a família Magalhães Pinto, da qual um de seus filhos era agregado. Segundo os ex-presidentes do Banco Central, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, a salvação dos bancos engoliu 3% do PIB, um percentual que, segundo economistas da Cepal, chegou a 12,3%.
O Proer demonstrou, já em 1996, como seriam as relações do governo FHC com o sistema financeiro. Para FHC, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos bancos estaduais.
As campanhas de FHC em 1994 e em 1998 teriam se beneficiado de um esquema de caixa-dois. Em 1994, pelo menos R$ 5 milhões não apareceram na prestação de contas entregue ao TSE. Em 1998, teriam passado pela contabilidade paralela R$ 10,1 milhões.
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