O Palácio Potengi, antiga sede do Poder Executivo Estadual e atual Pinacoteca, está fechado desde a última quarta-feira (14), após problemas de infiltração decorrentes da forte chuva que desabou sobre Natal no Dia da Poesia. Segundo Vandeci Holanda, diretora da Pinacoteca do Estado, nenhuma obra do acervo foi danificada, mas o imponente edifício de dois pavimentos erguido na Cidade Alta entre 1865-73 com contornos neoclássicos terá que passar por reparos para evitar novas ocorrências do tipo.

Móveis foram transferidos para locais secos, mas chuva danificou piso e teto, próximo aos lustres (Foto/Rodrigo Sena)

O vazamento, ocasionado pela sobrecarga no sistema de calhas que não deu conta do volume de água, e atingiu, principalmente, o salão nobre e a sala dos governadores no primeiro andar. Ainda não há uma data definida para reabertura, mas tudo indica que a obra de reparo deverá ser iniciado até a próxima quarta-feira (28) – isso se até lá o orçamento ficar pronto, as tomadas de preço forem feitas e a Fundação José Augusto contratar a empresa que fará o serviço. Como o trabalho aparenta ser simples, a estimativa inicial é que o custo gire em torno de R$ 5 mil.

“Demos sorte, pois no momento da chuva estávamos em horário de expediente. Assim que verificamos a infiltração, corremos para afastar móveis, tapetes e verificar se havia obras em risco. Felizmente, um dia antes, tínhamos desmontado uma exposição na galeria bem abaixo do salão nobre, justamente para abrigar o evento alusivo ao Dia da Poesia”, informou Vandeci à reportagem do VIVER na tarde de ontem. A diretora da Pinacoteca estava acompanhada do engenheiro Sérgio Wiclife, da FJA, e de Ivanira Machado, diretora administrativa da Fundação.

Como a laje do Palácio é calafetada com asfalto, a água transbordou para dentro dos dutos elétricos e escorreu pelos lustres. Algumas paredes ainda apresentam marcas da infiltração e o aspecto do piso comprova a enxurrada. O grande tapete do salão nobre teve de ser retirado para secagem, as portas e janelas permanecem abertas para arejar o ambiente e o fornecimento de energia teve que ser interrompido para evitar riscos de curto-circuito.

“Nunca houve um vazamento desse porte, mas do jeito que está a estrutura resiste a chuvas normais. Aquela foi muito acima da média”, disse Sérgio Wiclife. “Mas temos que agir rápido para não ficarmos a mercê desse período de chuvas”, complementa o engenheiro.

Ivanira Machado acrescentou que a meta é reabrir o espaço até o próximo dia 15, pois no dia 18 de abril está marcado lançamento do livro “Romanceiro Potiguar” de Deífilo Gurgel e abertura da exposição de quadros do poeta Pedro Grilo. “Tudo vai depender das condições climáticas e da complexidade do serviço. Aparentemente é um trabalho simples, mas só teremos a dimensão do serviço quando começarem a mexer.”

SITUAÇÃO DOS NAVARROS PELA CIDADE

A situação do painel produzido pelo artista plástico Newton Navarro (1928-1992), que adorna uma das paredes do prédio onde deveria funcionar a Secretaria de Estado do Turismo do RN (Setur), na esquina da rua Mossoró com a avenida Floriano Peixoto, em Petrópolis, será avaliada por profissional técnico especializado. Mas, segundo informações da secretária Extraordinária de Cultura, Isaura Rosado, repassadas através de sua assessoria de imprensa, a data da visita ainda não foi definida.

Enquanto aguarda um posicionamento da Secultrn/FJA, o painel corre risco de ser depredado pelos frequentadores do local, que segundo a vizinhança se tornou ponto para consumo de drogas como crack e esconderijo para assaltantes.

O assunto foi tema de reportagem publicada ontem aqui nesta TRIBUNA DO NORTE, que mostra o abandono do imóvel depois que as obras foram embargadas em meados de 2010 pela Semurb por falta de alvarás. Como a reforma não foi retomada, os R$ 150 mil já investidos de pouco valeram, pois praticamente todo o material de construção foi furtado, assim como boa parte das portas, janelas, piso e louça dos banheiros.

NOS FUNDOS DA OFICINA DE TV

Considerado um dos grandes artistas plásticos de sua geração, Newton Navarro, o mesmo que empresta seu nome à Ponte Forte-Redinha, também pode ser visto em outros pontos da cidade – e onde menos se espera. Na Ribeira, no ponto comercial onde funcionou a antiga confeitaria Nova Delícia e que há mais de duas décadas abriga a Eletrônica Nacional do seu José Moreira (foto), um painel do artista está estampado na parede e em bom estado de conservação. “Sei da importância desse trabalho, já pintei toda a loja mas deixei o painel intacto”, disse Moreira, 59, espécie de guardião da obra.

NO CLUBE AMÉRICA E IFRN

A personalidade boêmia e o bom trânsito social de Navarro também levaram sua arte à instituições públicas e salões festejados como o do Clube América, no Tirol, onde um grande painel com mais de 50 metros quadrados foi recuperado entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012 pelos artistas plásticos Ricardo Tinôco e Ammer Jácome. Outras três obras do artista mereceram atenção nestes últimos dois anos: em janeiro de 2011, Dorian Gray Caldas, amigo pessoal de Newton Navarro (1928-1992), restaurou os murais criados em 1967 no Campus Central do IFRN; e em 2010 Caldas já havia recuperado os painéis no auditório do Sesc Cidade Alta, e na sede do DNER.