Praias do RN sendo engolidas pelo mar, e a culpa é nossa!

16 de janeiro de 2014

By Jean-Paul Prates

No domingo passado, uma matéria do repórter Felipe Galdino da Tribuna do Norte (Natal/RN) destacou que o problema da erosão na costa potiguar é sério e só tende a piorar. Aliás, em julho de 2012, outra reportagem no mesmo jornal – do reporter Ricardo Araújo, chamou a atenção do mesmo problema, sério – seríissimo – porque atinge a territorialidade dos municípios, o valor dos imóveis litorâneos, o turismo e o veraneio, e principalmente as condições naturais da vida nestas regiões e cidades.

Não é preciso ir muito longe para ver o efeito disso. Além de Ponta Negra, em Natal, os mais velhos se recordam do tempo em que era preciso caminhar na areia por 20-30 metros antes de mergulhar em Muriú, Jacumã, Caiçara do Norte, Pedra Grande e até Galinhos e Areia Branca. Se em Ponta Negra, o mar avança, em média, quase 2 metros por ano, na Ponta do Tubarão, em Macau, esse avanço chega até 50 metros por ano!

O estudo da UFRJ, chamado “Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro”, divulgado em meados do ano passado aponta 120 praias do Brasil que já foram atingidas pela erosão de forma severa em todo o litoral.

Há cerca de 8.500 km de praias no país mas nenhum órgão ambiental é capaz de afirmar ou foi capaz de monitorar quanto deles estão sendo “engolidos” pelo mar. O que se tem certeza é que quase todo o litoral sofre. Na Paraíba, por exemplo, 50% das praias registram erosão.

A maioria dos estudos reconhece que o nível do mar vem aumentando, e esta seria uma das prováveis causas da erosão, mas não necessariamente a principal.

Outro estudo, da USP, aponta que não só o nível do mar está subindo como a intensidade das ondas também é maior. Os pesquisadores analisaram marégrafos de cinco pontos espalhados pelo país -Cananeia, Santos, Ubatuba, Recife e Belém – e constataram que a altura das ondas aumentou em 20% em 45 anos (entre 1957 e 2002), e que, em Recife, entre 1947 e 1987, o aumento do nível do mar foi de 5,2 centímetros por década!

Um terceiro estudo, do IBGE, constata que nem sempre é o mar que está subindo, mas a crosta terrestre que pode estar afundando, em virtude de falhas geológicas ou afundamento do solo por conta da retirada de água do lençol freático.

Enfim, o que todos os estudos apontam em comum é que o esgotamento de fontes naturais e as construções desordenadas que interrompem o fluxo da areia são grandes causadores do avanço do mar sobre as cidades e praias oceânicas do Brasil.

As soluções pontuais para o problema vão muito além dos meros e impotentes muros e sacos de contenção. Começam com medidas como o “engordamento da faixa de areia” que é algo caro, pois envolve a dragagem da areia do fundo do mar com máquinas pesadas para recolocá-la na praia. A montante dos rios, também é necessário coibir o represamento deles e, obviamente, a sua poluição com esgoto e dejetos.

OU SEJA, a solução está em NÓS! E os órgãos ambientais têm mais é que ser bem equipados, capacitados em termos de pessoal e prestigiados na sua autoridade para agir em nome da sociedade e das gerações futuras — e assegurar que a nossa ignorância e pressa no presente, não deixe apenas um legado de metralha de obra e ruínas nas nossas praias.

– Aúdio do meu comentário de hoje no @Jornal96: “Praias do RN sendo “engolidas” pelo mar, e a culpa é de todos nós”. – https://soundcloud.com/jean-paul-prates/jpprates-coluna-11

Source: SustentHabilidade

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